domingo, 29 de agosto de 2010

Perfil da Mulher Por Nelson Rodrigues - 1957

Em 1957, Nelson Rogrigues responde a uma enquete de "Manchete" a respeito da "mulher ideal". Suas respostas, por mais sarcásticas, talvez digam mais sobre ele no dia-a-dia do que qualquer descrição:



Que tipo de mulher prefere? "A leitora de 'Grande Hotel' [ uma revista de foto-novelas]."

O que nota numa mulher à primeira vista? "A alma."

O que pensa dos perfumes na mulher? "Prefiro o cheiro específico, nato, que cada mulher tem."

Qual a importância do físico numa mulher? "Não me ocorre nenhuma vontade interessante."

Qual a qualidade que mais aprecia numa mulher? "A ignorância."

Qual o defeito que mais condena nela? "Qualquer veleidade intelectual."

Tem necessidade de uma mulher ao seu lado? "Sim."

Acredita na diferença intelectual entre os sexos? "A mulher nunca precisa de inteligência."

Nos seus bate-papos diários depois do trabalho, prefere a presença dos homens ou das mulheres? "Acho o homem extremamente desagradável."

Qual a fase que mais aprecia nas relações om a mulher: namorada, noiva, amiguinha ou "caso"? "Sou admirador da namorada."

Considera que a mulher tem de ser uma boa dona-de-casa? "Considero que a mulher só tem de ser dona-de-casa."

Acha que uma mulher não se deve bater nem com uma rosa? "Questão de gosto."



Esqueça a tolice das perguntas. Todos os entrevistados na enquete (Di Cavalcanti, Ibrahim Sued, Flávio Cavalcante, Francisco Carlos, Maurício Barroso, etc) tentaram fazer média com um novo tipo de mulher independente que começava a aparecer. Menos Nelson. Exceto na última pergunta, quando - também ao contrário de Nelson, que foi ambíguo - vários disseram explicitamente que se devia bater, sim.



O Anjo Pornográfico - Rui Castro

Nenhum comentário:

Postar um comentário